1. Verificar a viabilidade de construção 🏗️
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Classificação do terreno: confirme se é urbano, urbanizável ou rústico – apenas terrenos urbanos garantem, em princípio, a viabilidade de construção
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Consulta ao PDM (Plano Diretor Municipal) e regulamentos municipais é imprescindível para saber índice de construção, área máxima, número de pisos, recuos, constrangimentos ambientais, etc.
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Pedido de Informação Prévia (PIP): embora opcional, é altamente recomendado. Permite esclarecer se o projeto cumpre o PDM e outras exigências locais
2. Confirmar documentação legal do terreno
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Solicite ao vendedor certidão de registo predial e a caderneta predial: garantem titularidade, encargos, ónus, hipotecas, pendências ou natureza do solo
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Verifique se o terreno não faz parte de AUGI (Área Urbana de Génese Ilegal) ou está inserido em zonas sensíveis como REN/RAN — caso haja, o processo é mais complexo
3. Analisar a característica física do terreno
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Topografia e solo: o terreno deve ser preferencialmente plano; inclinações, lençol freático ou solos complicados aumentam custos (terraplanagens, muros, drenagem) .
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Infraestruturas acessíveis: garanta acesso a água, eletricidade, saneamento e telecomunicações — fundamental para viabilidade da construção
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Entorno e exposição solar: evite ruídos (estradas, fábricas, linhas de alta tensão) e procure orientação solar favorável para conforto térmico
4. Avaliar se existe projeto aprovado
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Um terreno com projeto aprovado pode acelerar o processo, pois o licenciamento está pronto a avançar. Mas atenção:
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Pode ser apenas uma pré-aprovação e não permitir alterações
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Pode limitar o tipo de habitação a construir, sem margem para adaptar o projeto às suas vontades
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5. Compreender o licenciamento necessário para casas de madeira
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Casas pré‑fabricadas/modulares em madeira seguem o mesmo regime legal que construções de alvenaria
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Segundo o Decreto-Lei nº 10/2024 (RJUE), há diferença entre:
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Até 30 m²: exige apenas comunicação prévia à Câmara, mas não licenciamento formal
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Mais de 30 m²: necessita de projeto de arquitetura e especialidades, pedido de licença de construção e cumprimento do PDM
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O processo inclui: apresentação dos projetos, aprovação (30–45 dias), início de obra, solicitação de alvará de utilização ao final (livro da obra, certificados, seguro, etc.)
6. Procedimentos e segurança jurídica
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Contrato-promessa: envolva advogado, definir vetos (ex: dependência de aprovação de licenciamento, acesso a financiamento), depósito (normalmente 10–30 %)
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Escritura pública e registo na Conservatória: após IMT e requisitos cumpridos
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Seguros obrigatórios: obra, acidentes de trabalho, responsabilidade civil, coordenador de segurança, e fiscais do projeto
7. Calcular custos e impostos
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Além do IMT (na compra do terreno), acrescem IMI anual, AIMI (se aplicável), taxas de urbanização/compensação urbanística, taxas municipais (licenciamento, obras, alvarás)
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Verifique o Regulamento Municipal de Taxas Urbanísticas: pode haver isenções ou reduções
8. Supervisão técnica e qualidade da construção
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Projectos de especialidades: eletricidade, rede, gás, fundações, certificações (por exemplo, CERTIEL, ITED, simulação térmica e acústica)
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Escolha construtores com experiência em madeira, que respeitem normas de segurança e manutenção a longo prazo – prevenção contra pragas, humidade, normativas antincêndio .
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O levantamento topográfico, diretores de obra e fiscalização asseguram que a obra segue o projeto aprovado .
9. Financiamento e apoio técnico
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Financiamento via crédito habitação tradicional — alguns bancos (ex: CGD) têm produtos específicos para casas prefabricadas .
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Altamente recomendável contar com empresas que ofereçam serviços integrados: consultoria de terreno, projeto, licenciamento, construção e acompanhamento técnico .
10. Riscos da construção sem licenciamento
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Obras ilegais podem resultar em embargo, demolição, coimas pesadas (multas, crime de desobediência, até prisão)
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Legalização pós facto é possível, mas incerta e onerosa. Em alguns casos, a única via é demolição
✅ Síntese dos Cuidados Essenciais
Etapa | O que verificar |
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1 | Viabilidade urbanística (PDM, solo, infraestruturas) |
2 | Documentação legal (registo, caderneta, ausência de ónus) |
3 | Características físicas (topografia, acesso, entorno) |
4 | Projeto aprovado vs. a fazer |
5 | Licenciamento adequado (≤30 m² ou >30 m²) |
6 | Contrato, escritura, seguros e registo |
7 | Impostos e taxas (IMT, IMI, AIMI, urbanísticas) |
8 | Supervisão técnica, responsabilidades, normativas |
9 | Fontes de financiamento e apoios |
10 | Evitar processos ilegais e coimas |
✍️ Recomendações Finais
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Antes da promessa de compra, visite a Câmara Municipal para confirmar todos os parâmetros urbanísticos e ambientais.
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Envolva arquitetos e engenheiros especializados que conheçam bem regulamentações em madeira.
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Inclua cláusulas no contrato-promessa condicionais à obtenção de documentos e licenciamento.
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Dê atenção contínua à fiscalização da obra, documentação e certificados.
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Conte com apoio de empresas integradas, que abranjam projeto, obra, licenciamento e certificação.
Seguindo esses passos, reduzirá riscos legais, financeiros e técnicos, e garantirá que sua futura casa de madeira em Portugal seja construída com segurança, qualidade e longevidade.